Alô, alô marciano / Elis Regina (Compositores: Rita Lee e Roberto de Carvalho)
Alô alô Marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar, estamos em guerra
Você não imagina a loucura…
Alô alô marciano
A crise tá virando zona
Cada um por si todo mundo na lona…
“Só neste mês de fevereiro, três missões espaciais passam a estudar detalhes de Marte. Mas nenhuma dessas viagens têm a complexidade do pouso que a Nasa realiza nesta quinta-feira (18). Se tudo der certo, o robô Perseverance (“perseverança”, em português) vai aterrissar no planeta vermelho e começar uma jornada em busca do elemento fundamental para uma futura colônia: a água.” – “A sonda Perseverance, da Nasa, pousou em Marte na tarde desta quinta-feira (18), sete meses depois de partir da Terra… Esta é a primeira missão da Nasa que vai procurar sinais de vida antiga em outro planeta, para ajudar a responder à questão: já houve vida em Marte?” Fonte: CNN Brasil
Objetivo da missão é buscar vestígios de vida em uma cratera do planeta que já foi um lago há bilhões de anos. Perseverance é o robô explorador mais sofisticado já enviado ao espaço.
Usemos a imaginação para que supostamente encontrassem seres vivos e pensantes em Marte. Num possível diálogo, qual a mensagem que seria passada ao nosso respeito como seres humanos? O que poderiam aprender com a “cultura” e “cotidiano” aqui do Brasil? Em um outro planeta conseguiríamos corrigir todas as tragédias que proporcionamos aqui na terra, uma vez que problema está no coração? Não seriam os mesmos seres humanos daqui que estariam lá?
Assisti a vários filmes de super-heróis da Marvel e da DC Comics que lutaram com todas as forças contra os invasores de outros planetas que vieram para destruir a terra. Será que não é exatamente isto que faríamos ao habitar em outros planetas? Destruiríamos os rios, a flora, a fauna e provavelmente os demais habitantes e depois, como aqui, a nós mesmos?

Precisamos urgentemente pensar em desenvolver cultura de paz! E certamente ela deve ter início no convívio familiar que daí em diante vai se espalhando e contagiando todos os demais ambientes de convívio social.
Um pouco antes do nascimento DAQUELE que veio para restaurar o coração do homem e corrigir as injustiças sociais, esta foi a mensagem transmitida pelos anjos: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor”. Lucas 2.14. Em outras versões das Sagradas Escrituras falam em “homens de boa vontade”. E parece que boa vontade para promover a paz é exatamente o que nos falta.
“…”Não há nenhum justo, nem um sequer… e não conhecem o caminho da paz”.” A esse respeito escreveu o apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos 3.10,17.
Agora observemos que cotidiano horrível e de se viver experimentado pelo autor dos Salmos 120: “Há muito tempo que estou morando com aqueles que odeiam a paz. Quando falo de paz, eles falam a favor de guerra.” (6-7). Será que não é exatamente nisto que consiste tantos dos desgastes emocionais que temos vivido?
Imagino que é exatamente falar sobre isto que Elis Regina propõe ao cantar:
Alô alô Marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar, estamos em guerra
Você não imagina a loucura…
Falar sobre as dificuldades que é viver no planeta Terra, com tanta desigualdade e desentendimento por todos os lados. Mesmo tendo servido na época, como um recado para alguns “terráqueos” que acreditavam que a situação no Brasil estava perfeita. Conforme podemos perceber na ironia de Elis ao retratar a tal “High Society” (“alta sociedade”) brasileira, alienada aos reais problemas existentes, vivendo suas vidas despreocupadamente em meio ao luxo. Como haverá paz em contextos como este?

Ao procurarmos desenvolver uma cultura de paz, é importante parar para pensar que cada um de nós possuímos uma personalidade e por conta disso, nossas crenças, valores, comportamentos e experiências distintas podem ser e serão diferentes. Agora, quando conseguimos atingir a harmonia entre a nossa maneira de ser e o mundo que nos cerca, atingimos um potencial para produzir mudanças significativas ao nosso redor.
A paz clama por parceiros! Naturalmente poderíamos entender por cultura da paz uma consciência permanente dos valores da não violência social. Ou simplesmente como ausência de guerra. E até mesmo passividade ou submissão a vontade de alguém. Porém, ela pode ir muito mais longe do que isto. Não elimina oposições ou conflitos, mas pressupõe a resolução pacífica deles. E resolver os conflitos de forma pacífica é uma mudança radical nos padrões que dão sustentação ao atual modelo de civilização que temos vivido.
Uma cultura de paz rejeita a violência física, sexual, étnica, psicológica, de classe, das palavras e das ações. Qualquer aspecto agressivo, intimidador ou violento utilizados para atingir quaisquer objetivos devem ser definitivamente banidos do dicionário de uma cultura da paz, pois seu ponto de partida deve ser a cooperação mútua para o desenvolvimento de um convívio e cotidiano melhor.
Já passou do tempo para contribuirmos na formação de uma nova geração de pacifistas, que saibam dialogar, negociar, argumentar e cooperar a partir de relações de amor com o próximo. Verdadeiros agentes e mediadores da paz.
A paz não pode ser uma utopia para a nossa geração! Vamos mudar a chave para a generosidade. Estamos, cada vez mais, perdendo a nossa capacidade de dar-se; trancafiados em nós mesmos e como resultado, completamente fechados para os outros. Pior, justificamos tudo pelo medo, pela pressa e pela vida louca nas nossas cidades.
O nosso grande desafio é viver juntos: conviver! Mas nada disso se tornará possível sem diálogos. Se prestarmos atenção, iremos perceber que o mundo está carente de escutas e diálogos. De promotores da paz!
Prestemos mais atenção no Mestre quando diz: “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus corações, nem tenham medo.” João 14.27
Que nesse mar de egoísmo e individualismo, possamos desenvolver a solidariedade necessária para juntos encontrarmos a paz. Não há mudança possível se não percebermos que pertencemos a uma espécie que deve se solidarizar com a vida.