A musculação é uma área cercada de mitos e paradigmas difíceis de serem quebrados. Além disto, é uma área muito contaminada por achismos e/ou por tentativas de se copiar aquilo que os fisiculturistas fazem, ignorando por completo que a realidade deles é totalmente diferente das pessoas comuns.
Um destes paradigmas é a crença de que haveria uma espécie de receita de bolo, uma divisão de treinos que seria superior às outras e que iria proporcionar os melhores resultados em qualquer situação. Mas isto não é verdade.
A divisão de treinos, assim como todas as demais variáveis manipuláveis da musculação, vai depender de uma série de fatores. A melhor divisão de treinos para mim não significa que vai funcionar muito bem para você. E muito menos aquela divisão de treinos do seu fisiculturista preferido.
Entre as várias coisas que temos que considerar na hora de estabelecer uma divisão de treinos coerente para cada caso estão:
- Frequência semanal de treinos do praticante (disponibilidade de dias para treinar);
- Objetivo;
- Individualidade biológica;
- Tempo médio necessário para recuperar o músculo treinado;
- Quantas vezes por semana treinar o mesmo músculo;
- Tipo de estímulo aplicado;
- Biomecânica dos exercícios;
- Tempo disponível para treinar.
Como podemos ver, não é tão simples assim. Todos esses fatores devem ser considerados, inclusive, na maioria das vezes, uma combinação destes fatores para se chegar na divisão de treinos ideal para cada pessoa.
Mas algumas premissas básicas devem ser respeitadas e servem de norte para encontrar uma resposta, principalmente quantas vezes por semana deve-se treinar o mesmo músculo, o tempo médio que o músculo leva para se recuperar de um treino e a biomecânica dos exercícios.
Em relação à frequência de treinos de cada músculo por semana, existem bastantes estudos que abordam este tema na literatura. A maioria deles concorda que repetir um mesmo músculo 2 vezes por semana seria o ideal.
Quanto ao descanso devido para cada músculo, isso vai variar muito de acordo com outros fatores como o tipo de estímulo dado naquele treino, a individualidade biológica, o objetivo e, principalmente, a intensidade do treino. Quanto mais intenso for aquele treino, mais dias serão necessários antes de repetir o mesmo músculo. Mas, em geral, a literatura concorda que este número deve ficar entre 48 a 96 horas, sendo 72 horas o número mais frequentemente utilizado.
No caso da biomecânica dos exercícios, ao elaborar a divisão de treinos do praticante, esquece-se de considerar que alguns músculos já atuaram em determinados exercícios. Isto faz com que a pessoa acabe repetindo o estímulo para um mesmo músculo sem se dar conta de que fez isso.
Portanto, não existe uma receita de bolo, não há regras, tudo deve ser estudado cuidadosamente, caso a caso, para se planejar da melhor forma possível. Por isso procure a orientação de profissionais adequados, devidamente certificados, que possam lhe ajudar à atingir seus objetivos.