O vereador Jorge Luis Lepinsk, “Pepo” (MDB), atual presidente da Câmara de Vereadores de Indaiatuba, concedeu na última quarta-feira, 6, uma entrevista exclusiva ao Z1 Portal. O vereador fala da sua trajetória na política, das expectativas como presidente da Câmara melhor avaliado da Região Metropolitana de Campinas, a relação que pretende ter com a oposição e os projetos para a cidade de Indaiatuba.
Leia a entrevista na íntegra abaixo.
Pergunta. É muita responsabilidade presidir a Câmara da terceira maior cidade da Região Metropolitana de Campinas. Por que o cidadão de Indaiatuba deve acreditar que o senhor está preparado para tal função?
Resposta. Venho me preparando para isso há muito tempo. O início da minha vida parlamentar na verdade começou como assessor, na Câmara de Mauá, alguns anos atrás. Lá pude perceber a complexidade do trabalho do legislador e a importância que o vereador tem para fazer as coisas acontecerem na cidade. De volta a Indaiatuba, sempre engajado com a política local, decidi que gostaria de ocupar o cargo de vereador. Não apenas para legislar em favor do município, mas para atender a população e viabilizar pequenas e grandes melhorias para todos os bairros. Foi assim no meu primeiro mandato, em que eu também tive a oportunidade de chefiar a Secretaria de Habitação, uma das mais estratégicas e importantes. Por essa experiência no Executivo e no Legislativo é que eu sinto estar preparado para essa missão.
“O que eu não concordo é com a oposição feita sem motivo, apenas para prejudicar o bom andamento do município. Agora, quando é para o bem da cidade, não tenha dúvida de que eu vou respeitar e tentar buscar o consenso possível”.
P. Qual a sua expectativa em relação a esse segundo mandato legislativo?
R. Em um primeiro momento, quero estabelecer um trabalho de continuidade com o que vinha dando certo, e é muita coisa. Nossa Câmara é considerada a mais bem avaliada da RMC e uma das mais econômicas do Estado de São Paulo. Isso não pode mudar. Aos poucos, pretendo dar minha cara à administração da Casa, sem perder o foco da economia e do bom tratamento para a população. No aspecto político, pretendo manter a boa relação com o Poder Executivo, que é a responsável pelo sucesso e desenvolvimento da cidade, naturalmente que respeitando o trabalho e o espaço da oposição.
P. Que prioridades estão na pauta do atual legislativo?
R. Mesmo em recesso, já aprovamos dois projetos importantes na primeira sessão do ano. O Refis, que vai dar uma chance para o contribuinte prejudicado pela pandemia que não conseguiu honrar seus compromissos, e a criação da Secretaria de Mobilidade Urbana, que vai cuidar de um ponto essencial para a cidade sem gerar custos extras. São projetos do Executivo que contaram com o apoio até da oposição, o que demonstra a maturidade e o espírito público que vão nortear esta legislatura.
P. Que áreas terão mais atenção do senhor no orçamento?
R. Até por obrigação constitucional, a saúde e a educação merecem a maior fatia do orçamento do Executivo, e nossa atenção deve ser direcionada para estas áreas quando as leis chegarem aqui. Aliás, vale lembrar, este ano tem a discussão do Plano Plurianual, que estabelece as metas para os próximos quatro anos. Já quanto ao orçamento da Câmara, 70% é destinado para folha de pagamento e 30% para investimentos. Neste momento, minha prioridade é assegurar maior acessibilidade no Palácio Votura, um cadeirante tem muita dificuldade em acessar o setor administrativo, a presidência e até mesmo o plenário.
P. Como é ser líder nesse numa Casa onde existem várias ideias diferentes?
R. Sempre gostei da diferença, toda unanimidade é burra. O que eu não concordo é com a oposição feita sem motivo, apenas para prejudicar o bom andamento do município. Agora, quando é para o bem da cidade, não tenha dúvida de que eu vou respeitar e tentar buscar o consenso possível. Os vereadores são representantes da população e espelham as diferenças que existem também entre as pessoas.
P. Que projetos importantes atualmente tramitam na Câmara de Vereadores?
R. Estamos no recesso legislativo e no primeiro ano da legislatura, então este período tem sido de muito trabalho interno para adequação dos gabinetes e os primeiros atendimentos ao público, claro que respeitando os protocolos de segurança. É provável que eu convoque sessões extraordinárias neste período caso haja projetos urgentes para discutirmos, mas por enquanto não temos essa previsão.
P. Em plena pandemia, com possível queda de arrecadação é mesmo necessário a criação da Secretaria de Mobilidade Urbana e o Departamento de Agricultura?
R. Na verdade, esse projeto prevê a realocação de setores que já existem na administração, sem custos expressivos para o município. Indaiatuba cresceu muito, e todo mundo que anda de carro, de ônibus, a pé e de bicicleta sabe que já temos alguns gargalos que precisam ser resolvidos. A Mobilidade Urbana pensa nisso, e precisa ter esse status para receber verbas e projetos específicos. Já o Departamento de Agricultura é essencial em uma cidade que valoriza os produtores, as feiras livres, o agronegócio e a agricultura familiar.
P. Qual o custo disso para o contribuinte de Indaiatuba?
R. Como mencionei, não há custos para o município, porque se trata de uma reforma administrativa.
P. Como o senhor analisa a acusação por parte de alguns setores da sociedade que essa decisão serve principalmente para acomodar aliados e cabos eleitorais?
R. Toda crítica, desde que verdadeira, é bem-vinda. A administração municipal foi aprovada por mais de 60% dos eleitores, o que demonstra a eficiência do trabalho do Nilson Gaspar e de toda sua equipe, que é formada por um corpo técnico muito capaz.
P. A oposição em algumas situações é acusada de bloquear realizações. Como lidar com ela?
R. A oposição precisa existir, porque também é o termômetro de coisas que eventualmente precisam mudar. Mas às vezes pode haver alguns exageros. Todo mundo que mora e visita Indaiatuba sabe que a cidade é boa. Isso ninguém muda. Então não adianta tentar prejudicar a imagem do município com ações que não constroem. Mas, como eu disse, quando é para construir, a oposição pode sim contar comigo.
P. O senhor circula muito entre a população, com certeza é um dos políticos mais populares da cidade. Pretende continuar indo onde o povo está?
R. Eu amo estar perto do povo. Essa é a minha principal marca. Gosto de transitar em todos os bairros de Indaiatuba do mesmo jeito, com a mesma personalidade, sem mudar nada. Então eu pretendo não só visitar a comunidade, como recebe-la aqui quando a pandemia acabar. Pretendo estabelecer um dia na semana só para atendimentos ao público.

P. Sendo um dos vereadores mais votados nas últimas eleições municipais, o senhor tem outras pretensões políticas?
R. Isso é um processo natural, sou novo e acho que tenho reconhecimento da população. Mas tudo na minha vida é construído com base na gratidão de quem me fez chegar até aqui. Nada acontece sem o apoio desse grupo e, se for de vontade dele, tentarei sim novas oportunidades.
P. Nas eleições de novembro passado, chamou a atenção o elevado número de votos em branco e nulos. Como o senhor interpreta esse comportamento do eleitor?
R. As pessoas estão desmotivadas com o processo político. São muitas notícias negativas que nos atingiram nos aspectos nacionais nos últimos anos e isso entristece e desanima. Além disso, teve a pandemia, que desencorajou algumas pessoas de votarem, o que também explica as abstenções. Ao mesmo tempo, os cidadãos estão buscando se informar mais, então eu acho que isso tende a mudar com o tempo. O importante é estimular essa formação política e orientar sobre os riscos da má-informação e das fake news.
P. O senhor que há tempos conhece os bastidores do poder, pode dizer com propriedade, o que é necessário fazer para despertar mais interesse da população, principalmente dos mais jovens para a política?
R. Tem uma frase muito interessante que diz que não existe espaço vazio na política. Se as pessoas não se interessam, alguém vai se interessar por elas. Os jovens são a parte principal desse processo, e devem, na minha opinião, filtrar o que veem na internet e se engajar mais com a vida da cidade. Está nas mãos da juventude o país que queremos e as mudanças de que precisamos. Para isso, precisamos ter informação de qualidade, formação política e atenção ao que acontece também fora das redes.