Uma das sobreviventes da batida que matou a publicitária Pamella Luque, de 22 anos, relatou a angústia que viveu durante o resgate, na rodovia Edgard Máximo Zambotto, em Jarinu (SP), e na recuperação em dois meses.
Victória Luque é prima da vítima e estava no banco de trás do carro no momento do acidente, no dia 15 de abril. Mesmo com dois cortes profundos na cabeça, ela ficou consciente e contou o que sentiu naquela noite.
“Na hora da batida eu apaguei e acordei em seguida. Vi o carro saindo fumaça. Eu pensei: ‘vou fechar os olhos, dormir e quando eu acordar vai ser um pesadelo’. Mas não era, e quando olhei pro lado vi minha prima, que já tinha ido pro céu”, lembra.
A mulher que provocou o acidente foi presa em flagrante, mas recebeu liberdade provisória durante a audiência de custódia. Segundo a polícia, ela estava com a CNH suspensa havia dois anos. A suspeita apresentou comportamento alterado e, no hospital, foi encontrado um pino que aparentava ser de cocaína com ela.
Acidente deixa uma mulher morta na Rodovia Máximo Zambotto, em Jarinu (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
“Eu sangrava muito, tentava deixar os olhos abertos, mas era muito sangue. Não tinha noção do machucado na minha cabeça, mas percebi que minhas pernas estavam quebradas. Foi então que uma moça bateu no vidro e perguntou como eu estava. Eu perguntei pra ela se aquilo tudo era real e ela me respondeu que sim”, diz.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e fez o resgate das vítimas. Pamella chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Victória e outra jovem, que também estava no carro, foram levadas para o hospital.
Victória Luque teve ferimentos graves na cabeça e precisou passar por cirurgias após o acidente em Jarinu (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
A jovem teve fraturas nas pernas e dois cortes profundos na cabeça. Ela passou por várias cirurgias e recebeu alta cerca de um mês após o ocorrido e se recupera em casa.
“Foi Deus, porque não aconteceu nada no meu crânio. Meu fêmur fraturou e meu úmero ficou imobilizado. Mas o mais difícil é saber que a gente nunca mais vai ver a Pamella. É terrível ver meus tios sofrendo tanto, porque ela era tudo pra eles”, conta.
Pamella recebeu homenagens de familiares e amigos nas redes sociais. O corpo foi velado no Velório Municipal de Jarinu e o sepultamento foi realizado no Cemitério Municipal de Campo Limpo Paulista (SP).
O acidente
Pamella Luque, de 22 anos, morreu após ter carro atingido em Jarinu — Foto: Arquivo pessoal
O carro da motorista que causou o acidente invadiu a contramão e bateu de frente com o veículo onde estavam as jovens. O helicóptero Águia, da Polícia Militar, ajudou no resgate e a pista ficou interditada por alguns momentos.
“Tínhamos acabado de passar em uma lombada, então estávamos devagar. Vimos um carro vindo desgovernado, parecia que a motorista estava perdida. Quando nos demos conta, ela já estava em cima da gente. Foi tudo muito rápido. Eu tentei gritar pra minha prima acelerar, mas não tinha mais tempo”, lembra Victória.
Para João Pedro de Oliveira Martins, namorado da jovem havia quatro anos, a liberdade da motorista causou revolta em toda a família da vítima.
“Essa mulher não tirou só a vida da Pamella. Ela tirou o chão de muita gente. Tirou uma filha de um pai e de uma mãe. Tirou uma sobrinha e tirou a mulher da minha vida. Isso é um absurdo. Como ela pode matar uma pessoa e sair impune?”, desabafa.
João Pedro de Oliveira Martins e Pamella Luque namoravam há quatro anos — Foto: Arquivo Pessoal