O ex-secretário de Comunicação e Eventos de Sorocaba (SP) Eloy de Oliveira, que pediu exoneração após ser citado como investigado na operação Casa de Papel, disse em depoimento pela investigação que apura irregularidades na Lei do Voluntário que o prefeito de Sorocaba, José Crespo (DEM), determinou que a ex-assessora Tatiane Polis recebesse um salário de R$ 11 mil por mês para atuar como “voluntária” na prefeitura.
Segundo Eloy, Crespo insistiu para que a agência de publicidade e propaganda DGentil contratasse Tatiane Polis como funcionária.
Como o dono da agência, Luís Navarro, se recusou a contratar a ex-assessora como funcionária, foi estabelecido um acordo, por determinação de Crespo, para que ela fosse paga com dinheiro do contrato público que a agência tem com a prefeitura, no valor de R$ 20 milhões.
A partir desse momento, ainda segundo o depoimento de Eloy, Tatiane Polis passou a receber um salário de R$ 11 mil por mês para exercer a função de voluntária da Secretaria de Comunicação. A princípio o salário seria de R$ 9 mil, mas Tatiane teria pedido R$ 2 mil a mais.
Eloy também disse que a ex-assessora exerce “forte poder sobre o prefeito” e que atua com status de secretária, tendo ramal telefônico em seu nome no sexto andar. O ex-secretário afirmou que, ao contrário do que foi divulgado, Tatiane Polis nunca se desligou da Prefeitura de Sorocaba.
O que dizem os citados
O empresário Luís Navarro negou que tenha sido procurado pelo prefeito para contratar Tatiane Polis como funcionária e nega que tenha feito qualquer pagamento a ela.
Em nota, a prefeitura disse que “sequer teve acesso ao inteiro teor do inquérito e nem ao suposto depoimento do ex-secretário Eloy de Oliveira”. A prefeitura disse também que “repudia a informação da prática de qualquer ato ilegal”.
O advogado de Tatiane Polis, Marcio Leme, disse que a denúncia é um absurdo, que nenhum pedido de pagamento ou contratação foi feito pelo prefeito para a agência e que nenhum pagamento foi feito para Tatiane Polis.
Crise se arrasta desde 2017
Ex-assessora de Crespo, Tatiane Polis é o pivô de uma crise política em Sorocaba que começou em junho de 2017 e culminou na cassação do prefeito, revertida com uma liminar da Justiça 43 dias depois.
Ela pediu exoneração no dia 17 de julho de 2017 alegando que ela e a família estavam sendo vítimas de perseguição desde a confusão no gabinete do prefeito envolvendo a vice-prefeita.
Tatiane voltou a ser assunto na prefeitura depois que o G1 e a TV TEMmostraram que ela continuava trabalhando na Prefeitura de Sorocaba.
Após a revelação, a Câmara dos Vereadores criou uma CPI para investigar o “trabalho voluntário” que Tatiane realizava na prefeitura e o Ministério Público abriu um inquérito para apurar as denúncias.
Com informações do G1